Ladra por uma noite.

Quem nunca roubou não conseguira me entender.

E quem roubou por ganância nunca sentira o que eu senti.

Eu fui ladra por uma noite, roubei os sonhos, as revelações, a alegria, os lábios, a paixão de alguém.
O tive somente pra mim, não dividi minha conquista nem minha dor quando desconfiaram de meu roubo
Ele não me amou por espontaneidade eu o fiz gostar de mim, eu o obriguei a me seguir, só não foi preciso obriga-lo a me beijar, foi instinto, defesa.

Eu o amei, amei aquele roubo, amei seu medo, sua permanência.
Como o que queria pra mim, oh como o queria, o tive, o tive pela metade, tive apenas o que consegui levar, o resto o mais importante ele não me apresentou, não me foi possível nem ao menos tocar.

Não sei se aguentaria o peso, minha bagagem estava cheia, sufocada até.
Minha bagagem que era meu coração, coração que até o roubo sofria de solidão.
Mas fui meu próprio delator, não fui boa em roubar, não servia como ladra.
Não conseguia ficar com o que não era meu, eu o queria pra mim, mas nada daquilo me pertencia, nada me foi dado, tudo o que tive dele, foi furto, toda a minha propriedade era roubo.

Ele buscou de volta seu coração, buscou seu desejo, sua paixão, ele levou até suas lembranças, impedindo-me de permanecer nelas, me restou apenas minha própria dor, me restou um pouco de ausência, um pouco de amor.
Eu não podia ficar com seu coração ele não era meu, já tinha dono.



- Ouvindo: ( Scorpions)

No sofá, estavam suas coisas, arrumadas em filas, desgostos, opostos ao que via em seus olhos.
Ela segurava na mão esquerda um cigarro pela metade, me olhando desvia-se de mim, com medo de uma recaída, de um fim.

Eu a observava sentado no chão, cego.
Pensando em deixá-la partir, sem mais, sem menos, sem sangue, ou gritos, ou choros.
Quando dei por mim, ela estava ultrapassando a porta, seus olhos eram fixos, duros.
Não pude acreditar, ela levava tudo o que um dia foi nosso; levava meus sonhos, minha alegria, minha
presença, eu.
Levantei rapidamente, segurando-a, sentindo sua revolta por mim.
Afastei-me antes mesmo dela pedir, voltei-me aos seus olhos agora moles, molhados de mar.
Sua face era confusa, seu corpo firme, sem saber se podia ficar.
Eu a queria, mas também a deixaria parti.
Segurei sua mão, sem ir contra sua vontade, a olhei nos olhos, chorei gritando milhões de balburdias.
Enquanto ela continuava fixa, com seus olhos em mim, nada me era preciso em seu corpo, nada respirava ali, eu a sacudi, a abracei forte, a beijei, gritei sobre o nosso amor, sobre minha dor em vê-la, enquanto ela, nada fazia, apenas olhava para mim, fixa.
Soltando seu braço foi que percebi, ela já havia partido, eu já estava só.

- Ouvindo: ( The Distillers)

C.

Ele me machuca com sua felicidade sem minha presença

Eu não o tenho, nunca o tive, nem mesmo quando ele esteve perto de mim ao ponto deu sentir sua respiração ofegante, forte.
Ele me vê, mas não sabe o que vê, não sabe nem ao menos que eu me apeguei a seu jeito incompreensível e desgostoso.
Ele vê, mas não me enxerga, essa é a verdade.
Enquanto eu apenas o vejo, ele continua cego a mim.

- Ouvindo: ( Brain drill)

Posso cortar suas asas ?

Ela o amava, ele a amava, mas nunca lhe havia dito.

Ela levantou-se cedo, arrumou a casa, fumou um cigarro, deu-lhe um beijo no rosto e foi fazer compras, quando voltou ele estava sentado olhando algo longe, ela o beijou no rosto e foi para o quarto trocar de roupa, de novo quando o viu sentado na mesma posição, beijou-o, fez o almoço sorrindo para ele, ele continuava longe, ríspido, ela sentou-se a mesa, comeu sorridente, alegre.

Perto das duas horas, os dois deitados na cama, ela alegre o perguntou: – Você me ama? Ele não soube responder fingiu que não havia ouvido. Ela de novo voltada a ele perguntou: – E agora me ama?
Ele olhou, pensou um pouco, mas apenas sorriu dando-se satisfeito pela falta de resposta.
Começando a ficar inquieta, ela pediu que ele a olha-se, ele virou-se na cama e a olhou. Ela sorridente levantou-se da cama abriu o guarda-roupa pegou uma arma e voltou a perguntá-lo: – Agora consegue me amar? Ele assustado levantou-se rapidamente da cama, observou seu corte novo, sua aparência limpa, sorridente, feliz, notou que ela continuava bonita, seus olhos brilhavam, ela estava como nunca esteve.
Ele quase sem pensar respondeu baixo: – Esta louca? Sabe que eu te amo. Ela sorriu, deu-lhe um beijo no rosto e puxou o gatilho contra a própria cabeça. Ele piscou os olhos em menos de segundos, ela estava no chão, ele se jogou sobre ela, chorou, ele a amava, mas só agora sabia disso, pegou a no colo com a cabeça estourada e tentou imaginar como era seu rosto, sua única lembrança era a de minutos atrás, sorridente, livre, ele chorou, chorou por longas horas, segurando-a toda deformada. Colocou-a na cama, deitou-se do seu lado e puxou o gatilho contra a própria cabeça, abrindo os olhos percebeu que ainda estava vivo, a arma não tinha mais balas, a arma tinha apenas uma bala, ele chorou, gritou, implorou coisas impossíveis, chorou, chorou...

Ele a matou, mas foi ela quem puxou o gatilho!

Durante o resto do dia ele chorou, chorou a ponto de inflamar os olhos, não ligou para policia, nem para os amigos e parentes, saiu de casa apenas para comprar outra bala, chegando a casa disparou contra a própria cabeça dessa fez enfim morrendo, do lado da mulher que ele amava, mas precisou que ela morresse para descobrir isso.

- Ouvindo: ( Nirvana)

Tênue.



Sou fraca! Admitir-me doí, mas a dor no momento é leve.
A ponto de conseguir carregá-la com duvidas e ausências
Minha fraqueza não é simulação, nem surtos momentâneos.
Ela é constante, irregular e perversa.
Mas te juro moça eu não sei lidar com isso, não sei.
Eu consigo carregá-la, mas paro sempre para me despir.
Volto a me mascarar com confusões que me prendem em um circulo
E ao redor não vejo ninguém, apenas nuvens e suor.
Você consegue me entender moça, tente!
Não resolveu sua compreensão, não infringiu minha capa.
Nada se consolidou, e me doí lhe dizer, mas sua presença não me ajuda.
Talvez me enfraqueça mais, sou tênue, mesmo não se vendo a olho nu.
Sou o inverso que seus olhos veem, sou confusão em pleno silêncio.

Não quero me infringir, só quero acabar, quieta sem duvidas.
Não falo de dor, falo de capas, olhos vermelhos, escuro, solidão, fragilidade.
Nem tudo doí moça, mas tudo no fim vira dor.
Aquela que não arranca pele, que não tira sangue, nem ao menos toca.
Ela simplesmente me vem, e me derruba, sozinha, sem perdão.
Moça consegue ver, olhe minhas mãos, elas não transcrevem o sinto.
Elas emolduram minha dor com algum rosto desconhecido, mudam meu nome.
Colocam-me como poeta, e justificam a fraqueza por questões de amor.
Mas moça, eu admito a fraqueza, não me interprete mal.
Eu só não quero me esconder, não quero criar eu-líricos absurdos para enfeitar minha dor.
Ás vezes eu só queria ter o meu nome, chorar, levantar-me.
Mesmo estando em pé, eu queria poder me levantar.
Moça querer é pouco, eu sei, ele não é suficiente.
O que seria então suficiente?

Observe estou de novo distorcendo o rumo da conversa, me prendendo a explicações.
E nada justifiquei, apenas confundi, consumindo a resposta certa
Percebe? Eu me engano, acreditando ser forte.
Mas não sou, sou tudo menos o que você pode ver.
E admito não saber o que fazer com tanta fragilidade entre meu sangue.
Juro não saber a onde me perder.

- Ouvindo: ( Nirvana)

Nem pesa.

Não posso me permitir ao amor, ele não tem forma, nem toque, ou visão, não se movimenta, nem pesa, ou flutua, ele não reflete, nem rasga, ou tem mãos, não tem som, nem ouvido, nem razão.

Apenas me faz cocegas perto do umbigo e acho que ele somente existe em meu coração.

 
- Ouvindo: ( Scorpions)

Queda!


Às vezes o amor me tinha o gosto de uma queda
Da qual só chegava-se ao chão desistindo.
 

Jogo de Azar


5 horas interruptas de álcool e jogatina, seus olhos estavam pesados.
Seu corpo todo fedia a álcool e diversão
Mas como não se divertir, era o que se propôs a fazer melhor.
Todos os dias, as 08h00minhs AM se via passar com seu boné de magnata.
Sua calça justa de um jeans barato, seus sapatos enganadores com cara de couro.
Não eram de couro, não por que não tinha dinheiro, mas por que nunca o quis, não era importante.
Sua vida se resumia em sair de seu trabalho em uma casa de tiros e ir direto gastar todo o seu dinheiro com alguma puta barata, bebidas e jogos de azar, sim eram mesmo de azar.
Passou todos os dias, alimentando sua ilusão de vida miserável.
Acostumando-se com qualquer prazer, com qualquer duvida mal esclarecida.
Acostumando-se com a loucura, era perfeito.
Mas um dia algo mudou se apaixonou por uma de suas putas que lhe dava amor em troca de dinheiro, colocou-a em casa, apresentou-a a seus amigos, deu-lhe um mundo, uma vida em troca recebeu amor, era imperfeito.
Um dia largou o jogo, o álcool, o vicio, largou até seu trabalho na casa de tiros, uma de suas paixões- Armas- para voltar a ser professor de física, levando uma vida normal e chata.
Sua puta agora não era mais puta, era mulher respeitada.
Todos os dias, as 07h00minhs AM se via passar um homem careca, com calças apertadas, sapatos enganadores, indo trabalhar, triste.
Um dia ele morreu, morreu de lucidez.

...


Não tenho começo para o que sinto
O que sinto se descreve com o tempo, fechado em um baú, sufocando-se.
Esperando o fim, quieto.

Toda essa merda é fria, vulgar e pouca.
Pouca para o muíto que nunca fuí.

Mascaras Pintadas ou Nulas de Humor !


  
Eu me conheço na forma certa ao me desconhecer
Não me cubro com mascaras pintadas ou nulas de humor
Sou aquilo que se pode ser acima disso não me interessa.

Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

Agora, Aqui !

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



De encontro.

Os Viciosos do Circulo.