Cômodos Vazios.


Desculpe, eu não lhe expliquei direito os meus motivos. Não lhe estende todos os meus erros, nem lhe entreguei minhas lembranças. Eu devia ter dito que aquela cama era pequena, que havia sobrado poucos cigarros, que o álcool não nos embriagaria a ponto de dizermos alguma verdade, que respirávamos mentira, que possuíamos apenas mentira.

Todas aquelas caixas na sala, todos aqueles cômodos vazios, todas aquelas cortinas branca, ocupando todo aquele espaço, ocupando como desculpa a minha falta de compromisso, eu sou apenas mais um meu caro, sou apenas mais um que acha como refugio a solidão, que refugia a minha dor que ultrapassa o coração.

A varanda ainda é pouca para tantas desculpas, para tanta inalação de fumaça, para todas essas cobranças, não tenho mais a onde guardar tantas cobranças, tanta ganância, não tem mais como guardar tanta ignorância, minha cozinha esta repleta de confidências e evidências de que todos os meus motivos são tão fracos a ponto de machucar a pele e não sangrar.

Tenho tanta força que me sinto fraca sempre quando vou justificar minhas decisões, não me permita a justificativa, não me deixe presa a meras palavras, a tanta rasura de metas e posições pré-estabelecidas.


Eu devia parar de dar tantas voltas e lhe dizer logo todos os meus motivos, todas as minhas dúvidas, minhas defesas, meus crimes, encaixotar tudo e lhe enviar como presente minha vida, esperando que assim você possa entender. Entender o que não a como se explicar, eu devia, eu sei que eu devia lhe explicar meus motivos, mas meu caro não a nenhuma alternativa para se entender o que não se senti, quero dizer quando se senti não precisa de explicações, meu caro sentir ultrapassa qualquer linha de entendimento.




{Ouvindo: - Avenged Sevenfold - Seize The Day}

De qual ângulo você me via?

Você me olhava, me observava de longe, isso chegava a me incomodar.
Eu não conseguia saber de qual ângulo você me via, se a sua vista era embaçada ou míope.
Eu precisava que você conhece-se meu verdadeiro eu, mas creio que isso era quase impossível, pelo fato de tantas historias, tantos desencontros, pelo fato de tanto encanto que tive.

Você não me desvendou, não descobriu o que me habita, me olhou de um ângulo errado, de uma forma completa e falsa, talvez eu fui falsa, lhe mostrei apenas o que pude, lhe mostrei o que não sou, por medo de você rejeitar todas as minhas formas, de não aceitar todos esse erros. Fui tudo com você, menos eu.

Não aceito essa forma de descoberta, não aceito o fato de você partir e aceitar tudo o que eu lhe ofereci, eu tenho tanto, tenho cortinas, tenho moveis, tenho rancores, dores, tenho amor, tenho tanto amor, que chega a precisar de outro nome, nome que ainda não compreendo, fui aquilo que achei ser bom para você.

O ângulo foi errado, você me olhou de relance, atrás do vidro, quase o quebrando mas sem danos pendentes, eu quero dividas, quero que esse amor seja uma conquista, que ele se transforme em outras vidas, que ele se torne toda a minha verdade, que ele se torne tudo o que você ainda não descobriu.

Fechei as cortinas, fui me deitar, sendo o que fui toda aquela longa noite, sendo o que era bom para você, sendo tudo menos eu.


{- Ouvindo: Nirvana}

Psicopatia equilibrando-se.


Psicopatia equilibrada, daquelas que se compra na banca da esquina com cigarros e algum livrinho de alto ajuda.
Alto ajuda para a baixa alta estima, para o baixo edifício que é alto para se subir, para o alto amor que é baixo para se sentir.
Alto ajuda desnecessária já que sua razão não permite duvidas ou contradição.
Pega seu livrinho e segue em direção ao banco, com seus cigarros e sua sinceridade entre o peito e o pulmão.
Mas quem disse que amar-se em primeiro lugar era psicopatia?
Que barbaridade, eu gosto de você, mas devo lhe dizer que gosto muito mais de mim, isso meu querido é egoísmo, não tem nada haver com loucura ou desejo por sangue. 
Meu desejo é de vinho e algo como o jazz.
Vá sente-se naquele banco de frente aquele homem de óculos com camiseta amassada, calças apertadas de mais, tênis confortáveis de menos, com um ar de compreensível, mas parece precisar mais ajuda do que você, e sempre quando abre a boca para encorajar parece que lhe doí a mentira que ira contar.

Compreender que todos que estão ao seu redor só estão ali por interesse, que estamos presos a isso, a depender de nós mesmos, e quando lhe digo nós, digo do nosso interesse, seja ele insano ou não.
Mudar o foco às vezes ajuda a não ir direto ao assunto.
O homem petulantemente infeliz lhe diz que tem muitas coisas boas na vida, mas mal soube dizer o que era. Ele estava mais míope do que qualquer um que ousasse entrar naquela sala, carregada por palavras de conforto em um tom de dor.
Saia de tudo isso acenda mais um cigarro, jogue o livro de baixa alto ajuda fora, mas não na lixeira o deixa no banco como se ele ainda estivesse um dono, traga seu cigarro.
Levemente se deita na grama quase seca.
Pois bem, psicopatia você meu querido deve confundir com liberdade em excesso, liberdade em excesso você deve confundir com sinceridade exagerada que nunca se confundi com nada.

- Ouvindo: ( Nirvana)

Prosa.

Garota apenas irão tentar te entender, não quero sentimentos envolvidos nessa nossa prosa.

Não quero maçãs vermelhas em cima da minha mesa, nem cigarros deixados como presente.
Preste bem atenção! A sua presença é tão pouco importante como a sua falta.

Inconstante.

Devemos permanecer um pouco, levarmos conosco nossas bagagens.

Levar comigo minha arrogância, meus cigarros, minha falta de controle.
Devo admitir essa dor, essa inconstante falta, que inconstante só tem o nome.
Agarro-me a qualquer resto de dúvida, a qualquer coisa que não me deixe voltar atrás.
Parece-me mais fácil prosseguir do que admitir a derrota. 
Eu não estou completamente derrotada, estou apenas fora de campo.

- Ouvindo: (Nirvana)

Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

Agora, Aqui !

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



De encontro.

Os Viciosos do Circulo.