Eu me encontrava perdida, numa nuvem de sonhar.
Em frente ao espelho eu via um rosto velho e rústico,
Sendo sustentado por um corpo magro e tatuado
Procurava encontrar algo de semelhante naquele rosto, foi quando...
Eu percebi que em cada ruga tinha um traço meu; eu estava bonita,
Como se o rosto velho fosse de outra pessoa da qual eu havia me
Apossado,
Eu estava bonita como nunca fui antes!
Atrás de mim se movimentava uma moça
Branca de cabelos curtos e negros.A moça era linda como eu nunca havia visto antes.
E sem abrir a boca me saiu palavras tão doces, que não poderiam existir.
A moça de cabelos curtos me abraçou e com um sorrio no rosto me beijou
Um beijo com gosto de algodão doce. Eu a amava, eu sabia que a amava...
Mesmo que aquela realidade nunca mais me existisse a amava.
Numa bola de sonhos eu a conhecia, mesmo não sabendo seu nome,
Não reconhecendo seu rosto, mesmo sem saber se aquele amor;
Era meu ou de um outro alguém que havia viajado e deixado sua vida para mim.
Eu sentia que a conhecia há anos como um amor de infância.
A bola de sonhos foi diminuindo e com ela a moça de cabelos curtos foi partindo,
Com um ultimo sorriso, suspirou e me disse adeus tão baixo que mal pude ouvir.
Quanto mais eu não queria deixa lá ir, ela ia desaparecendo, aquele sonho não era mas meu, eu não me movia, foi quando ela sumiu.
Acordei, e ao me olhar no espelho eu estava jovem e bonita,
Apertei os olhos,
Para fugir dali o mais rápido possível.
Ao abrir o olho lá estava ela de novo,
Atrás de mim, penteando os cabelos curtos. Sem pensar eu a beijei e ela sorriu me deixando com gosto de algodão doce na boca, foi quando,
A bola de sonhos estourou.
Sem abrir os olhos me pesou uma dor vaga de realidade
Eu estava de volta ao meu quarto num dia frio e nublado.
E com aquela dor no peito fui comprar algodão doce...
Nuvem de sonhar!
Num terror lúcido.
Eu vou parar de tentar.
Vou parar de beber tanto.
E vou deixar essa merda toda se fuder,
Só pra ver como é perde o encanto.
E agora o que sobrou, um filme sem fim.
Eu gostava das nossas escapadas
Sem lugar pra ir, sem hora pra voltar.
De dividir meu vícios com você
No final nem dinheiro tínhamos pro ônibus
Acabávamos indo a pé, naquela estrada longa.
Com aquele sol forte. Odiávamos o calor, ainda odeio.
Gostava de quando inventávamos historias absurdas
Éramos boas nisso!
Você corria atrás de mim, só pra roubar meus cigarros.
No final acabava com todos. Achava graça de me ver furiosa.
Você nunca perdia um jogo me fazia ganhar
E sempre pedia revanche me empurrando pra cama
Era sempre a mesma coisa
Nunca perdia a graça
Fazia-me cócegas no coração aquelas jurias bobas
Que você fazia, dizendo que eu era sua única paixão.
Eu nunca lhe disse, mas você era a única...
Que havia no meu coração.
Silêncio!
Era tanta dor que eu não conseguia falar,
Eu chorava como se tivessem me arrancado às mãos.
E me doía... Ainda me doe.
- Merda ou quase isso.
''Rolei pro lado, pro outro, acordei,
Fumei um cigarro, vomitei, corri pro banheiro,
Mijei, achei graça do barulho, fumei o ultimo cigarro
Tentei dormi, vomitei de novo, de novo, de novo,
Ate cair no sono.''
O eu egóista, num movimento parado.
Sou egoísta por que desconheço outra forma de viver.
Custa me saber que ainda é cedo
Para arrumar minhas malas e levar comigo todo o poder
Da minha vida, o poder que a pouco foi me tirado
E não me importo com os dias dos outros
As horas que não foram, ou viram... E se acabaram
Misturando se numa sombra de sonhar
Um sonho que é só meu, num mundo só meu.Destruído.
Sinto me cômoda, ao vulto da minha voz
No reflexo do meu mundo destruído, talvez por mim mesmo
Já que todo esse egoísmo me força a pensar nos outros
Só para o meu bem, e não a nada que eu não faça
Para o meu bem...- E dou-me por satisfeito!
E carrego me pelos corredores da cidade
Isolado e sozinho, já que assim mesmo eu quis,
Eu poderia escolher qualquer mundo
Mas decidi viver no meu, frio e solitário
E me magoa pensar, que sofro sozinho.
E por fim tenho sono,
Porque na verdade não sou egoísta, mas triste.
- Ouvindo: Los hermanos- É de lágrima.
'' Existência, finha de uma puta''
Pesava em mim qualquer coisa
Até mesmo a companhia hostil de um desconhecido,
Tentando torna-se um conhecido eufórico e feliz
.... Nunca gostei de sorrisos de mais, abraços de mais
Talvez eu também nunca tenha gostado da ocasião de estar triste,
Mas não gosto de estar feliz por fora.
Não!
Pra mim a felicidade nunca foi dita com um sorriso,
Mas com cócegas no umbigo expelindo qualquer mau humor,
E sim, sou egoísta e individual mais isso nunca me impediu
De sentir cócegas no umbigo, me faz existir!
Realmente me pesa, toda essa inexistência de existir
Porque não posso entrar num buraco, sujo e confortável
Me servi de whisky e cigarros, e simplesmente não fazer nada
A não ser levantar para limpar a bunda e consumir um pouco de ar.
É, eu venho pensando nesse meu cansaço que se tornou parte
De um braço, de uma perna, de uma vida que tem a necessidade
De descansar, sem ter a ocupação de agradar com um sorriso
Aqueles que acham que existir é se manter vivo...
Se manter vivo é o mesmo que trocar de roupa,
Mas como vai usar essa roupa, é o que vai dizer...
- Venho preparando me para existir.
Admito porra!
O importante é o amor
O resto é brincadeira...
Alegria com data marcada.
As paredes velhas e tediosas
Os dias longos e cansativos
As vozes carregadas por um falso tom
A monotonia dialogando com a solidão
Num papo coberto de ódio e rancor.
Até parece que não existo
Mas existir agora não é o suficiente
Nem a comida ou a bebida é o suficiente
O que seria então suficiente
Em meio a nada?
...
Eu poderia carregar os lábios
Forçando com a mente
Para um sorriso brotar
Ensaiar no espelho os passos
A cara forjada de alegria
Consumir e desconsumir
O mundo, a paz...-Só.
Mas não vai durar
Vai sufocar a si própria
Com a corda colocada
Para não voar...
Poderia até esquecer
Com a chata movimentação
De um carnaval
Mas todo carnaval tem seu fim.
*
...Tá se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão
Eu não vou mudar não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
Não vou ceder
Deus vai dar aval sim
O mal vai ter fim
E no final assim calado
Eu sei que vou ser coroado
Rei de mim.
Los hermanos*