De qual ângulo você me via?

Você me olhava, me observava de longe, isso chegava a me incomodar.
Eu não conseguia saber de qual ângulo você me via, se a sua vista era embaçada ou míope.
Eu precisava que você conhece-se meu verdadeiro eu, mas creio que isso era quase impossível, pelo fato de tantas historias, tantos desencontros, pelo fato de tanto encanto que tive.

Você não me desvendou, não descobriu o que me habita, me olhou de um ângulo errado, de uma forma completa e falsa, talvez eu fui falsa, lhe mostrei apenas o que pude, lhe mostrei o que não sou, por medo de você rejeitar todas as minhas formas, de não aceitar todos esse erros. Fui tudo com você, menos eu.

Não aceito essa forma de descoberta, não aceito o fato de você partir e aceitar tudo o que eu lhe ofereci, eu tenho tanto, tenho cortinas, tenho moveis, tenho rancores, dores, tenho amor, tenho tanto amor, que chega a precisar de outro nome, nome que ainda não compreendo, fui aquilo que achei ser bom para você.

O ângulo foi errado, você me olhou de relance, atrás do vidro, quase o quebrando mas sem danos pendentes, eu quero dividas, quero que esse amor seja uma conquista, que ele se transforme em outras vidas, que ele se torne toda a minha verdade, que ele se torne tudo o que você ainda não descobriu.

Fechei as cortinas, fui me deitar, sendo o que fui toda aquela longa noite, sendo o que era bom para você, sendo tudo menos eu.


{- Ouvindo: Nirvana}

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