Troca com até 30 dias.

Não pretendo lhe contar sobre minhas lutas diárias, eu exponho meus sentimentos como roupas numa vitrine, eu estou cansada de me promover atoa, ninguém está disposto a pagar o preço de me ter por completo, esquecem-se da etiqueta, já querem me devolver no primeiro defeito, e ainda voltam com direito a trocas, cansada de me vender para o mundo sem conhecer realmente o comprador.

Hoje não estou aqui tentando lhe mostrar minhas tripas, coração e querer que as compre como uma carne fresca na feira. Não vou dissertar sobre as minhas fraquezas, minhas crises, e me boicotar como costumo fazer, pelo menos não hoje, deixo para o próximo mês uma liquidação ou um leilão de quem dá mais pelo meu coração.

Cansei de me entregar ao tudo e ficar com nada, de ser luz e brilho e depois me tornar uma decepção. No começo tão espontâneo, tão interessante, quase não me perco com as palavras e com o tempo vou virando indecisão, desespero, a ponto do desequilíbrio da falta de alto controle, eu não preciso te presentear com as minhas incertezas, nem com a minha tristeza constante. Você não precisa saber do meu choro, nem das minhas despedidas, dos bilhetes que espalhei pelo quarto, os preguei na geladeira, na porta, aqueles avisos "para não esquecer, de que não posso lembrar-me de você", "para não esquecer de que por hoje não te envio mensagens, nem te ligo", "para não se esquecer de mim". Meu coração não está a venda. Cansei de estar em promoção, cansei de ter certeza de tudo e no segundo seguinte não ter certeza de nada.


Talvez se tivesse me dito algo há uma hora. Se tivesse chegado mais cedo, me telefonado. Estou cansada de estar à venda em troca de carinhos diários. Encaram-me, criam ilusões, me experimentam, os olhos brilham. “Talvez deva dar uma ajustada aqui”, “mudar um pouco a cor”, diminuir os excessos”, "não serviu, não gostei, não quero", cansei de esperar alguém que me leve sem ajustes, sem mudanças, que goste do que vê, sem devolução, sem querer costurar meus defeitos.

(Ouvindo: The Distillers)

Carta de Despedida

Palmas, 05 de julho de 2013


Minha Querida...

Oi! Tudo bem? Imagino que não. Decidi lhe escrever uma carta, quem sabe dizer um adeus.
Acabou! É! Eu sei e isso corroeu cada espaço entre meu coração e meu bom senso.
Passei a noite toda revirando, chorando, roendo as unhas, querendo alguns cigarros
Querendo alguma coisa que ocupe a cabeça, o pulmão as mãos.
Querendo diminuir os segundos, voltar algumas horas no tempo.
Pensei como você está se sentindo, e o que estava pensando depois de engolir 
Digerir tudo o que eu fiz, depois de ver ao ponto que cheguei.
Acho que o meu coração está em cacos, assim como os presentes que eu te dei.
Levei um soco no estômago, eu ainda estou sem ar e meio fora do corpo.
Respirei cada palavra dita por você, mastiguei cada letra, cada não, cada cuspida e ofensas.
Engasguei-me e até agora estou com uma palavra e outra entalada na garganta.
Como um espinho, que tentando tirar me machucou mais.
Chorei por te querer tanto, morri por dentro, me destruí, te destruí, fim por fim, te perdi.

Isso era pra ser uma carta de despedida, não mais uma de desculpas e dores.
Mas eu ainda não sei como me despedir de você, como te dizer adeus!
Eu só queria estar com você agora, mas eu tenho esse dom de estragar tudo.
Doí tanto que se me cortar um braço eu não vou sentir.
Se por acaso você chegar a ler isso, irá pensar “como ela é dramática”.
Meu bem já passou de drama, de dor é um tumor, um cisco no olho que não quer sair e de tanto eu cutucar, choro, mesmo sem querer, eu choro.
Passei a noite toda pensando o que eu poderia te dizer, mas já não tenho palavras.
Não tenho nada que exista na língua do homem para te dizer que eu sinto muito.
Sinto na pele, no quarto, nas paredes, no canto da sala, sinto com os olhos, com as palavras.

Talvez isso passe, mas eu estou com as mãos vagas, com o coração carregado.
Quero te dizer, que eu te deixo ir, que eu me perdoo por tudo que foi dito e feito.
Queria te dizer que eu me desculpo por todas as vezes que você me fez chorar
E você, chorou alguma vez? 
Que me perdoou por todas às vezes que me tratou como um nada e como um tudo. 
Eu me perdoo!
Perdoo-te também por não me perdoar, por talvez me odiar.
Perdoo por todas as vezes que te amei de mais, e você me amou de menos, de mais.
Mas não me perdoo por ter te perdido assim.
Não me perdoou por te deixar ir, por não ter feito diferente, por ter te dado meu pior.
Não me perdoou por não saber como te ter de volta. 

Atenciosamente, A.V.
Abraços!


Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

Agora, Aqui !

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



De encontro.

Os Viciosos do Circulo.