Pique-Esconde

A morte me parece uma brincadeira boba de pique-esconde.
Da qual nunca sinto jogar, se ao menos nela eu confiasse lhe daria a mão para me levar,
Mas a traição de me tirar a vida me parece imperdoável, e o perdão pra mim é para os mal informados por que no fundo somos todos fracos.

Se tento me esconder me sinto infeliz por parar de viver
Se vivo me sinto alegre por não querer morrer
O tempo vem e me joga na cara que a morte fica do lado de lá da calçada
Filho de uma puta ingrato, sempre o utilizo sem pedir nenhum compromisso
O deixando flertar sem avisos ou horários pra voltar

Ele me joga de um lado pro outro
Na insónia
No ponto de ónibus
Nos compromissos
No amor
A constante perseguição de passos, tons, sobre tons
Me vejo em plena madrugada contanto o tempo, a hora e a chegada
Que não chega que para na porta da frente de casa
Se o tempo me trazer a morte talvez seja a hora do tempo parar...

- Ouvindo: Cazuza- O tempo não para.

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



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