Sem Hora Nem Precisão

Sentado olhando pro tempo, esperava alguém com lamento
O relógio no braço esquerdo era sempre segurado como uma faca dentro do peito
Parecia realmente se importar com a sujeira que fazia por lá
Na carreira de cigarros se via a dor do homem que esperava a morte com flores e festa de chegada
Ele acendia mais um cigarro, ligava pra alguém falava do horário
Parecia insuportável o ponto que ele chegava de chorar baixinho sem lágrimas nem olhos baixos pra calçada
Se o tempo passava sentia um grande receio de saber que ali pra depois talvez não teria mas jeito, a solução era esperar com as flores na mão e o telefone a tocar
Sem hora nem precisão
As flores pareciam mais murchas na medida que o tempo passava
E com elas os olhos do homem agora caia na calçada
Que quente se mantinha em pé sem lágrimas nem meias palavras
Seu corpo suava, sua voz nem se escutava. Falava baixo como se algo parecesse ter algum pecado, Deixando assim o calor mostrar que o corpo se mantinha em pé pelo amor que sentia por quem esperava
O pé batia na calçada quente, as mãos casavam, os olhos já choravam
A dor persistia forte no homem grande e gordo, que tinha um rosto velho e um olhar meio morto
Ele se levantou, pegou as flores, jogou o cigarro no chão olhando para alguma direção
Nada ele via, enxugava os olhos sem ter nenhuma reação
As lágrimas agora caiam direto no calçadão
Já não era mais dia, o calor havia ido embora mas ali mesmo o homem persistia
Esperando pela chegada de alguém que não viria
O homem gordo ficou ali com as flores murchas na mão esperando por alguém
Sem saber se queria isso ou não.

- Ouvindo: Cazuza- Solidão que nada.

0 Rabiscos de Outros:

Postar um comentário

Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

Agora, Aqui !

--------------

"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



De encontro.

Os Viciosos do Circulo.