Mundo tão seu.

Atravessava a rua seca, sem destino presente
Olhos baixos sem qualquer movimentação, ali, aqui, sem direção
Talvez ela tivesse voltado para ficar, decidiu ir embora mas gostava de lá
Lembrava-se da avó que sempre doce a comprava pamonha na esquina
Arrastando os pés, fracos e cansados de uma longa vida.
Subiu as escadas do andar de cima do prédio velho e sujo
Entrou no apartamento, pegou suas coisas, poucas coisas
Jogou tudo numa mala velha com as cores de cuba
Olhou para os lados se despedindo do seu pequeno apartamento
Com cheiro de cigarro e roupa velha, era o seu lugar preferido
Sentou-se na cama deixando os olhos distraídos se elevarem a pensamentos
Ela havia vivido uma vida ali, duas, três, uma eternidade de sonhos
Se levantou e como desculpa, chorou até descer as escadas.
A dor era estranha, batendo no peito e sumindo, fugindo
Sua liberdade ficara naquele quarto e sala, naquele mundo tão seu
Acendeu um cigarro para soltar melhor as palavras quando decidiu ligar para os pais
Dizendo quase sem voz que ia voltar para casa, que ia deixar sua casa
Tão longe ela pensava, tão longe...
Quando enfim não via mais o prédio a onde morava pode chorar sem qualquer receio.
Agonia, agonia, agonia, agonia
Agora era apagar o cigarro e fingir ou apenas assumir  que na casa dos pais também era feliz...

- Ouvindo: Pata de elefante.

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Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



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