Subtenda.

Quero que alguém me compreenda
Me leia, sem me decifrar
Não consigo suportar esse peso de ser eu mesma
Me doí as costas, o coração, me doí as mãos
Não quero ter uma pele, nem rosto
Não gosto de cabelos, apenas de olhos, bocas
Não chego ao entendimento, do que sou, se sou, se fui
E me doí regressar as palavras, me doí, morrer e acordar
Você pode sentir meu entendimento
Pode toca-lo, trazei-me

Eu tenho essa dor constante, essa dor que não doí
Ela apenas bate no chão, e me prende
Com o impacto me joga, me desmonta com força
Sou fraca em não depender dos outros
Mas mesmo sem introdução eu preciso
Necessito de um desconhecido, apenas para me oferecer um cigarro
Me apoiar e ir dormir

Sou além da forma ultrapassada do meu corpo
E me conheço tanto, que me perco
Foge sobre meus olhos a minha vida
Que me doí, como uma xícara vazia
Não me percebo, caminhar, acordar
Apenas vivo quando adormeço
Durmo quando acordada estou
E me pesa a realidade
Não quero ser eu, não quero existir
Quando se existi se perde
Como agua vazando do balde
Se perde loucura
Não preciso acreditar ser normal
Preciso apenas me habitar
Me resgatar quando estiver cansada

Tenho sede de liberdade
Daquela que se senti apenas quando o vento te sufoca os cabelos
Preciso me sentir livre, me libertar de mim mesma
Ninguém realmente me prende, eu sou a minha única maldição
Tenho o domínio sobre meus pés e me frustra não coloca-los a onde a alma chama
Quero tocar-me por dentro, rasgar essa pele
Quebrar os ossos e me libertar me do mundo
Me tornar livre, da fome, da sede, do amor, da dor, da vida
Não quero ser descartada, mas quero reaproveitar-me quando necessário for
Necessito de escamas, sobre e fora de mim
Necessito de formas, de pouca existência e a quantidade errada de loucura
Não necessito mais me entender, apenas parar um pouco esse meu ser
Deixar subentendido a loucura de viver.

- Ouvindo: Incubus.

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Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



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