No sofá, estavam suas coisas, arrumadas em filas, desgostos, opostos ao que via em seus olhos.
Ela segurava na mão esquerda um cigarro pela metade, me olhando desvia-se de mim, com medo de uma recaída, de um fim.

Eu a observava sentado no chão, cego.
Pensando em deixá-la partir, sem mais, sem menos, sem sangue, ou gritos, ou choros.
Quando dei por mim, ela estava ultrapassando a porta, seus olhos eram fixos, duros.
Não pude acreditar, ela levava tudo o que um dia foi nosso; levava meus sonhos, minha alegria, minha
presença, eu.
Levantei rapidamente, segurando-a, sentindo sua revolta por mim.
Afastei-me antes mesmo dela pedir, voltei-me aos seus olhos agora moles, molhados de mar.
Sua face era confusa, seu corpo firme, sem saber se podia ficar.
Eu a queria, mas também a deixaria parti.
Segurei sua mão, sem ir contra sua vontade, a olhei nos olhos, chorei gritando milhões de balburdias.
Enquanto ela continuava fixa, com seus olhos em mim, nada me era preciso em seu corpo, nada respirava ali, eu a sacudi, a abracei forte, a beijei, gritei sobre o nosso amor, sobre minha dor em vê-la, enquanto ela, nada fazia, apenas olhava para mim, fixa.
Soltando seu braço foi que percebi, ela já havia partido, eu já estava só.

- Ouvindo: ( The Distillers)

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



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