Mexi no cabelo
Tentei parar de fumar
Voltei com a insónia
Parei de vomitar
Gostei do corte novo
Odiei a falta de ar
Gostava das nossas caronas
A qualquer hora
A qualquer lugar
Você ria, achava graça
Eu tentava aproveitar
Com tantos desconhecidos
Se acostumava
Ao tédio, de subir andar por andar
Voltei de cabeça feita
Do lado oposto que a outra deixou
Gostei mais das nossas estradas
Do que as andanças de elevador
Gostava de te ver tímida
E eu tentava não demonstrar
Cortei o cabelo
Voltei a fumar
Me acostumei com a insónia
E a falta do seu olhar...
Rascunho
Um café para os atrasos.
Olho as horas -ainda tenho tempo-...
Tempo de sobra até
Mais um gole no café,
Engulo junto com as letras do livro
Passa mais um ónibus- talvez esse me servia-...
Fecho o livro acendo um cigarro inconsciente
Volto a ler, é engraçado como tenho domínio
Sobre os personagens, a cor da pele, do cabelo, dos olhos...
A alma se satisfaz com a fumaça e os copos de café
Os olhos inquietos comem rápido cada palavra
Cada momento, cada imaginação.
-Devo estar atrasada, de novo.
E a estação esta cheia de gente
Mais não vejo ninguém na movimentação
- Perdi mais um ónibus, droga-...
Olho as horas- Estou atrasada-
Pego o livro,café e cigarros e entro no ónibus
Para mais um dia, sem local pra ir...
Nas 24 horas agitadas...
Quase não vejo o sol
Meus cigarros acabaram
Convivo constantemente com o tédio
Devo engorda mais vinte quilos
Não durmo, passo a noite assistindo filmes
Lendo livros, abrindo e fechando a geladeira
Uma grande rotina,
Uma grande merda...
E ainda tenho tempo pra pensar
Em qual canto da sala vou desafinar meu
Pequeno violão
É, uma grande rotina...
- Estamos de férias, ebá !
Pintando o tédio em uma quarta a noite.
Essa falta que amola qualquer pensamento
De um simples trago
Ou um simples beijo inútil desconhecido
Que transforma o tédio em uma valsa
Na dança da alegria de um dia chato ou ruim
O som do silêncio que sufoca
O simples passar do vento
Entre uma e outra madrugada
Para os que ainda conseguem descansar
Sem perceber um simples barulho do tempo
Com livros bons e longos
Distraindo a caneta ligeira que assombra
Os olhos limitados a abrir e fechar
Enquanto tudo passa, tudo fica...
Se acomode, com o simples barulho do bater
De um coração ainda em movimento, por enquanto.
Nem a surpresa ou o medo assombra
Um vazio forjado para os fracos
Na tentativa de sentir qualquer bobagem ou coisa alguma...
É só fechar os olhos depois da porta
De um pensamento qualquer
Trazendo a realidade pouco adquirida
Em meio a tanta imaginação ou falta de atenção
Não significa nada, não significa tudo.
Entre um passar de ilusões vagas
Que até pouco tempo tinham graça
Entre o derramar de ilusões dos olhos
Prefira a falsa e pura vontade de derramar
Mais um pouco de palavras em uma noite
Alegre e inventada.
- Obrigado!
A incerteza ainda mais desvairada
Doía em mim
Aquela comédia
Eu sofria contente
Com o peso do meu desastre
''Vão os anéis, ficam os dedos''
Dentro dos olhos vazios de insónia
Exercitava a imaginação
Em um jogo excitado de
Farsas e alegorias
Eu erraria, sem duvida
Todos errariam.
Na minha mente havia
Uma ameaça inútil do erro
Movia-me devagar
A cabeça baixa roendo a gordura
O pessimismo entre uma e outra tragada
Meus olhos frios, sem vida, ausentes
Sem ver o mundo
Ilimitado da caixa vazia do meu coração
Procuravam trazer a realidade
Para não esquecer de mim...
Merecida a minha amada.
A sinceridade foi perdida
Em meio aos cinzeiros da vida
Tenho pele, tenho osso
Mais juro que falta um coração...
E não tem mais rima
Que tire o tédio do lado
De trás, de frente
Tanto faz...
Não é preciso que minta
Mais não me fale a verdade
Não me diga adeus
Não me diga que vai embora...
Machuca alguma coisa na alma
Já que coração me falta
Não tem motivo para ter chuva quente
Nem mesmo pra esse vazio.
Vamos ?
Recomeçar ?
- Não me esqueça...
-Vou embora...
E me deixou sem ao menos...
Sem ao menos ficar
Aqui por segundos
Volte, antes que eu perca o ar...
A falta de sono um dia vai me matar...
Escondendo de baixo do chinelo velho.
Pra qualquer coisa, ou coisa alguma
Talvez seja essa vontade louca de vomitar
Em frente ao palco lotado de falsos
Embora não sei quem sejam os falsos...
Mais agente tira no par ou ímpar
Ganhei!
Perdi!
Perdemos!
Melhor de 3 ?
Quem sabe na mesma mesa
Com sorrisos e vozes meigas
Alisando a mentira com espinhos.
- Quer mais um copo ?
Cortando as unhas.
- Devo admitir,
A dor machuca menos quando se esta cansada...
Me falta um bom livro e cigarros.
É fácil se apaixonar sozinha em minha loucura
A primeira vista um amor
Constantemente a vejo
Em lugares, atalhos de uma vida vã
De certo ela percebeu
Meus olhos, em cima dos seus
E se ela de repente
Voltar o olhar
Até deixo de fumar
Ou tendo deixar...
De todos os lugares
De todos os olhares
De todas as palavras
O vulto dela entre tantos
Me persegue, me...
Engraçado que não sei
Seu nome,
Talvez seja Ana, Clara, Samanta
Ou até mesmo Maria.
Me falta a lúcida coragem
Pra qualquer coisa,
Ou coisa qualquer...
Pra deixar apenas
Um leve sorriso
Antes que eu perca
A ilusão do poema.
Até nas palavras
Que a pouco escrevo
Dedico a ela, que nem sei se existe
Ou se é fruto de uma noite mal dormida
Sem cigarros e sem livros velhos
O pior que tudo passa
Até uma nova tragada
E uma boa leitura...
- Então que venha o novo amor.
Volto logo, vou fumar...
Poema as 4:05hs
Fecho as pálpebras
Quase negras
Cansadas.
Minha alma muda
Anda perdida
Cansada de tanto voar
As vezes parada
No mesmo lugar...
E os olhos postos
No caos do vazio
Esquecem caminhos.
Mais o que importa
O mundo das ilusões,
Em seu mísero segredo
De consciência ?
As vezes tudo, as vezes nada...
Meus olhos andam cegos
Paralisados
Sinto os passos de dor
Meio decaídos,
Sem motivo algum
É sempre a mesma
Mesma magoa
Mesmo tédio
Mesma ausência
Andando atrás de mim
Sem fim...
Podem voar ?
Batida da chuva...
São 4:30hs
A batida da chuva no chão
Desconcentra
As palavras que a muito tempo não saem.
O cabelo agora curto,
Nem pinga tanto como antes
A chuva molha o papel,
Molha o tédio,
Molha a raiva,
Molha ausência,
Achada entre o mel e a ferida,
Molha o militarismo
E até os olhares leves de preconceito
Cansando as pálpebras , agora baixas...
E talvez a culpa seja toda de um outro
Que durante a chuva,
Nunca tenha olhado meus olhos
Agora cansados e chatos...
São 6:15hs
A chuva ainda presente
Brinca com o vento contente
Dentro de algum ar invisível no ceú
Que confunde
Meu companheiro madrugueiro
Molhado, com a fumaça leve, fraca...
Terminando, indo embora
Acendo outro, esquentando
O vento que apavora...
As unhas já não suportam
A promessa de que com elas
Nunca mais ira mentir
Ou ira mentir menos.
São 7:00hs
Acaba de terminar
Com a promessa
E com as unhas
E fingi voltar a amar...
A chuva ?
Agora foi embora
Restando acesso
A fumaça sincera
Em uma leve noite nublada.
As palavras que a muito tempo não saem
Agora estão cansadas,
Sem chuvas, sem dias
Na minha rua desfolhada…