Nem mais os cigarros
O tédio
A falta de sono
Os quilos a mais
Os surtos
As lágrimas
Ou o corte novo
Faz com que pare, todo o meu lamento.
Poderia ser pior.
Deixe me alongar o papo!
- Pra mim a dor aos poucos se torna tolerável
Agora o que não tolero é a falta de amor.
Um outro tipo de reflexo, por favor!
Pra falar a verdade, já me acostumei.
Com os poucos amigos
As poucas noites bem dormidas
Com a falta
Com o ódio
Com as ordens e regras
Até mesmo com a falta de cigarro
Mais ainda não me acostumei de não ser eu mesma.
O ultimo a sair, apague as luzes!
Abrem-se as cortinas e começa a grande movimentação
De pouco em pouco
As mascaras começam a cair
Mas continuamos com a encenação
Com o jogo de palavras doces e calmas
E quem perdera essa merda de jogo?
No final todos perderam.
Apagam se as luzes
E dão espaço a uma nova cena a um novo interprete
A maquiagem feita durante horas
E às frases decoradas se desmancham
E a sua verdadeira fase aparece
Agora com um tom menos doce
E uma movimentação menos calma.
Não é que eu não goste do espetáculo meu rapaz
Mas ando meio enojado com as lágrimas de um final trágico
Mas continuem tenho a noite toda
Até meus cigarros acabarem. Admito.
Não se incomode com meus modos
Mas tenho poucos espelhos em casa...
Vamos meu rapaz, diga ou cala-se!
Antes mesmo que o quarto cigarro acabe
Vejo a movimentação de uma platéia alvoroçado
Já que a regra não é ser bom, mas sim parecer bom
Então vamos todos entrar em cena
Já que as cortinas por aqui não se fecham
E a vida é um grande espetáculo
De falsos espectadores...
Que comece o espetáculo!
Quarta feira cansada
Cansa em mim tanto amor
Guardado em apenas um coração.
*
Eu não sei o que o meu corpo abriga
Nestas noites quentes de verão
E nem me importa que mil raios partam
Qualquer sentido vago de razão
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou te cantar, vou te gritar
Te rebocar do bar
E as paredes do meu quarto vão assistir comigo
À versão nova de uma velha história
E quando o sol vier socar minha cara
Com certeza você já foi embora...
Cazuza.
Alegres solitários.
Não me contem como foi a festa
Nem me fala o que aconteceu
Ou quem encontraram lá ou queriam encontrar
Não me liguem a noite gritando ao telefone
- Cara, aqui ta todo mundo bêbado !
Não me fala que ela esteve lá e que perguntou por mim
Nem que estavam todos a minha espera...
Mais me digam a falta que eu fiz ?
E quem gritou meu nome ?
Espaço vital
- Desculpe mais...
Tem como mantermos uma distância razoável
Uma distância a onde eu possa fumar sem você tossir
Admito que feito uma vaca parida
Será que poderia ser possível também
Que nunca mais me procure
Fale comigo, me ligue ou respire
Será que poderia tirar suas mãos dos meus peitos?
Vamos fazer um acordo agente vai pra cama hoje,
Mais amanha não te conheço, qual teu nome mesmo ?
Você poderia também não falar o tamanho da minha bunda
Para os meus desconhecidos e seus amigos
E você poderia esquecer meu endereço
Esquecer também a minha vida. Eu.
E se não for pedir de mais será que seria possível
Que você morra, mais uma morte bem dolorosa e bem demorada...
Obrigada e morra amor!
Cotidiano.
Acordei e me olhei no espelho
Tudo dito
Tudo feito.
Enquanto me penteava
Lá fora chovia, com raiva da vida
Aquele silêncio de pouco a pouco me incomodava
Escovei os dentes, fumei meu cigarro, escovei os dentes de novo.
O telefone toca, deixei tocar.
O tempo não passava, parava.
Pra distrair sujei as louças, as lavei, as sujei...
Ate sair o esmalte vermelho da unha
Fumei outro cigarro, outro,outro até acabarem -Merda!
O silêncio voltava a me incomodar
Liguei a tv e o rádio, tudo ao mesmo tempo, tudo no mesmo lugar
Peguei um sorvete, fazia mais frio ainda com a chuva
Me cobre
Corri
Suei
Me molhei
Na chuva
Na raiva
Da falta
Do tédio
Da fadio
Do télta...
- Haja chuva para tanto tédio!
Sem titulo
De corta meu cabelo curto
Andar de calça e tênis
Ser simples e bela
Sentar de pernas abertas
Lutar de quebra de braço
Jogar futebol
Falar de mulheres na hora do chop
De me sentir linda sem maquiagem
De trocar meus próprios pneus
De entender de mecânica e não de moda
Eu gostaria muito de ter o direito de ser forte
E ainda sim ser mulher.
Movimentação auto-titulada.
Eu não gosto de estar em movimento
Mesmo quando não saio do lugar. Movimento-me.
Essa inquietude infantil até, devo admitir
Com cores frontais, no mundo leve preto e branco
O que posso fazer se assim me saiu melhor
Quem ira acreditar na movimentação da alegria
Eu me alto confirmo - Sou feliz !
Para apagar um pouco o reflexo de rebeldia
Que anda estampada em minha cara branca
Corro, logo paro! -Não valera a pena... não dessa vez.
Esta mais que confirmado - Sou triste!
Mais isso muda o que mesmo ?
Ainda vou aos mesmos lugares
Ando sempre com as mesma pessoas
Como sempre minha soja e leite integral
Tenho o mesmo cabelo, a mesma pele branca
Ainda continuo chata, e odiando café...
Talvez algo tenha mudado.
- Traga-me café e um pouco de ovos mexidos, por favor.
É, a tristeza é mesmo uma grande mudança.
Foda-se
Não ouso nada
Não falo nada
Não quero nada
Gostava de nada...
- Agora calem a boca e me deixem, obrigada.
Eu não tenho tempo pra falar teu nome
Eu não tenho nome pra você dizer
Meu café jamais vai matar sua fome...
Maria Gadú *
Close, close !
- Larguei.
Antes uma vida de ilusão, do que uma grande dor no coração...
Ausênciando a ausência
Acordei, pendurei a loucura na parede
Acendi meu cigarro, liguei o rádio
Tentei apagar entre a fumaça um pouco da realidade
Que as vezes sufoca e mata...
Andei pela casa observando os pombos no teto
Achei graça, da sala vazia, da cozinha vazia
Do quarto desarrumado, da falta de espaço
Da bagunça do meu armário
Juro, se me sobrasse tempo tudo estaria em seu lugar
A solidão no quarto, a alegria por de baixo do armário
- Bipolar, tripolar, quadrupolar, ausência polar...
Acabou meu cigarro, acendi outro
Com os olhos apertados contra a fumaça
O vento vem sempre na hora errada, enfim
Fechei os olhos e voltei a dormi...
I am...
Procuro tanto me conhecer
Que acabo me perdendo mais
Talvez eu seja tudo aquilo que eu queria ser , ou quero
Mais posso ser o que querem que eu seja.
Desconheço a mim mesma
Tentando encontrar algo que me pareça confiável
No fundo não sei se sou confiável
Sou pra mim algum sonho
Visto em tela de cinema
Em meio a imaginação me perco
achando que sou um quase nada
Mais posso ser um nada tudo
Eu posso ser o que eu quiser
Um pássaro...
- Posso voar ?
Enquanto não troco de geladeira.
Em uma dança solitária, me deixo contagiar
Com a chuva nova, os dias novos e as lembranças velhas...
Danço sobre os cacos, na perda do ónibus, dos cabelos longos, do amor
Que se foi por razões desconhecidas, adeus...
O ritmo desconhece as minhas poucas qualidades na dança
Gostava de dançar com você, mesmo odiando dançar.
Tomava café, só mesmo pra te agradar.
As unhas longas pintadas de vermelho,
Hoje não passam da raiva de tanto mentir
Até quando acordávamos e eu louca pra fumar,
fingia ter esquecido o cigarro em algum lugar,
Fingia até ter parado de fumar.
Aquele vai e vem na sala ao som de L7
Com bebidas do lado, muito espaço
No movimento nem a geladeira ficava no lugar
- Já ta na hora de muda-la de novo-...
Aquele canto sujo perto do estacionamento
Conversávamos por horas sem sair do carro
Eu mexia nos seus poucos fios de cabelo
Você mexia em outro lugar
As horas passavam, o celular tocava
Mais ninguém me tirava de lá
Nem mesmo minhas outras vidas
Almas
Mudanças
Mentiras...
E aquela dança já virava comédia, tragédia sem romance.
e eu ?...
- No momento acho graça!