Então é capaz de amar!


Eu poderia contar uma história
Falar sobre ela, sobre seus surtos
Mas não a nada mais latente em meus pensamentos
Do que quando ela me recitava poemas de bukowski
Eu permanecia em êxtase sentada em meio a caixas e espumas ouvindo ela falar.

Mexia os lábios fracos de palavras fortes, enojando-me com tanta beleza
Criticava a forma como eu movia me lentamente para não perder o som
Numa movimentação perdida e constante, mal saia do lugar
Saia apenas para pegar mais cigarros e para interrompe lá com um beijo
Foi quando numa noite bêbada ela me relatou sobre sua ida, sobre nossa despedida.

Eu a amava e ainda sinto essa merda enorme de amor
Amor de esterco que fede meu corpo inteiro
Ela me deixou feliz, ardente como sempre foi
Me relatou como seria seus dias sem mim, me disse adeus com gosto de cigarro na língua
Chorou, enxugou os olhos e voltou a sorrir, voltou a chorar e depois nunca mais a vi.

Sentei me até seu ônibus sumir, todos que ali estavam para se despedir haviam ido embora
A cada passo a cada cigarro eu sentia falta de alguma voz que com o tempo não me é firme
É constante esse vulto de seu rosto em meus sonhos, mas ela se foi

E não sei se o que sinto é falta ou apenas vazio por viver sem ela.

- Ouvindo: The Distillers.

0 Rabiscos de Outros:

Postar um comentário

Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

Agora, Aqui !

--------------

"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



De encontro.

Os Viciosos do Circulo.