Sendo eu minha própria vizinha !


Eu poderia deixar de ser tão Ariela, Ar, Arie! Me substituir ?
Querendo as vezes me passar por um desconhecido
Tirando férias do meu corpo, deixando os outros se acostumarem com a minha falta
Eu poderia realmente deixar de ser Ariela Venâncio ? Posso ?
Apenas para me tornar o que espero que gostem, reagindo, resistindo.
E sendo eu, eu posso ser de verdade, mentindo, fingindo, fugindo mesmo regrando meus próprios pés.
Que se casam com o peso do meu corpo
Que trisca triste no chão com uma profunda incerteza de ter um coração
Posso parar de mastigar as dores amargas sendo eu mesma
Mas os pro-nomes me julgam quando eu tento colocar o a no lugar do o
Então não posso mudar, mesmo por que algo deve ser para sempre
Mas ando cansada de ser tão Ariela, encubada na sua caixa queimada e sempre vazia
Tentando fugir a qualquer custo de mim mesma, ou talvez seja da Ar, da Arie
Mas veja bem, não falo de nomes, pré-pro estabelecidos, falo de carne, vida, de uma existência.
Que machuca cortando os pulsos fracos, tentando odiar sua própria pele
Odiando sua vida, sem saber por que. Gostando da Ariela, da Ar, Arie
Mas moço é complicado conviver com elas, dentro e fora de mim
É desgastante ser gentil mesmo com a pessoa em frente ao espelho
Seguindo eu mesma, sendo eu mesma, sendo de mais pra mim
Por que ando parando com essas, esses, se assim posso dizer seres que são meus vizinhos
Donos, ladrões, vespas, sangue sugas, que sugam, sugam algo inabitável dentro de mim
Eu mesma !
Mas moço ando cansada de parar, carregando no chão minhas vidas
Que não voam, querendo deixar seu corpo jogado em algum lugar
A carcaça que não me pertence nem serve como apartamento, nem pra segundo andar
Eu poderia realmente deixar de ser A-lguém ?
Para simplesmente gostar de em mim algo habitar
Já que me cansa ser meu vizinho sem portas, nem muros para não me odiar.

- Ouvindo: Black Keys.

2 Rabiscos de Outros:

Lane 11:21 PM  

É incrível como consegue transparecer seu ser em palavras tão conexas e ao mesmo tempo tão rebuscadas...e também ao mesmo tempo tão poética,metafórica...ou não...
o que digo é que a gente foge de si,e consegue...conseguindo também não gostar de quem aparece como sobressalencia para usurpar o lugar "de quem fugiu"...
Mas viver sem camuflar a si é difícil...ninguém é 100% liberdade...logo,ninguém é livre para ser quem é...e consegue ser menos "ser" aquele que se diz 100% autenticidade...se disser-me ser 100% demagogia,aí sim,conseguirei acreditar.

http://emabstrato.blogspot.com/

Ar 4:30 PM  

- Assim mostra em outras palavras o que tanto quis dizer.

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



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