Uma outra carta.


Se passaram anos depois daquele fim de algum recomeço do qual tanto tentamos
Me lembro que naquela época estava pensando ainda em me mudar
Te levar junto comigo, para aquele sonho que definitivamente sairia do papel
Mas por alguma merda do tempo, nem você, nem eu, eu, você do papel saiamos
Até hoje não acredito que na minha estante resta uma foto sua
Séria realmente difícil me livrar de você, pra isso terei que queimar meus peitos e com eles junto queimarei o coração...
Não quero ficar sem peitos, mas a dor aqui é má as vezes
Quase sempre é perversa, arrogante até
Se existo ela de novo me lembra que nada serei sem você
Se nada nunca fui, sempre algo com você eu possa ser
Não que eu queira existir, por que toda essa cerimônia me cansa
Mas as vezes me faz bem uma lambada, uma dança.

Moro perto de uma grande praça, aqui é frio, arrogante e calmo
Não me situei com datas, nem horários
Já deve ter percebido a minha rotina de tantas cartas atrás
Parece que do papel o nosso amor não sai mais
Estranho pensar que quando receber essa carta, talvez irá chorar ou rir de mim, por mim
Apenas se sinta no direito de algo sentir.

(...)

Eu esperei você, eu realmente lhe esperei
Mas você não esteve lá, nem ao menos chorou, me responda, chorou ?
Percebo que é cega a rigidez que meus olhos tem
Pela hierarquia de felicidade que me propus a ter. Você. Te ter. Você.

Acho que gostaria dessa cidade, dos lugares, três jeitos, defeitos
Estaria em casa, abusaria dos meus cigarros e por baixo da minha saia
Sigo na rotina daquelas rimas, daquele amor, do resultado da dor
Sinto a sua presença, aqui, no porão, no elevador, no aquecedor
Desculpe, até me culpe mas essa carta eu te mando com minha dores
Sua falta, a minha falta, a minha vida, a minha estrada
Que é vista sempre em página virada.

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Tenho que parar de mandar cartas para pessoas que não existem, elas se incomodam.

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1 Rabiscos de Outros:

Fernanda 8:20 PM  

Comecei a ler e acabei me colocando em todos os lugares do texto. Consegui me encontrar nas palavras.

Não acredito que alguém se incomode com sua carta, é bonito demais para conseguir.

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Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

Agora, Aqui !

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



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