20 mil palavras!


Menti 20 mil palavras desperdiçadas.

Recolhe as mentiras com medo de não as achar de novo, as guarda.
Depois, encontra um lugar desconhecido, despeja toda a sua carga.
Vai embora, feliz! De novo, comete o erro de mentir para si.

Mentiu para o amor, para a ausência, para a presença, o ego, o resto. Inferno mentiu para o seu próprio eu. E nunca mais soube o que de fato era verdade.
Acorda sempre atordoada, procurando seus cigarros, se perdendo na sua própria moradia.
No seu eu mais profundo.

Procura pelo caminho algum rastro do que poderia ser na noite seguinte, com medo de imitar a da noite passada. Esconde o quer, para quem quer, manipula, restaura a mentira, rasga a seda, chora de vez em quando, mas sempre retorna e demora a voltar, volta quando chega a sua casa, a luzes se apagam e ela enfim consegue dormir, volta a ser o que ninguém conhece, nem ela consegue deixar.

Menti por que tem medo da vida, do que é, por que acha bonito enganar, precisa.
A mentira cobre às espinhas, os calos, as feridas, mas depois recoloca um tumor no lugar.


- Ouvindo: (Velhas Virgens)

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(Tati Bernardi)



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