Zero.


Era domingo, ela saiu de casa depois dos gritos e absurdos escutados.
Comprou alguns cigarros, pegou um ônibus, e se deslocou até o centro.
Sentou-se em um lugar escuro e quieto, apenas para sentir o vento.
Mastigou cada cigarro com muita calma, pensava em todo o ocorrido.
Acabou chorando, extraindo a dor. Com vergonha de alguém à ver foi para mais longe.
Sentada sozinha, pode realmente sentir sua dor, um grande vazio.
Ela se permitia a tudo, mas naquela noite, não era uma pessoa livre.
Nem queria ser, queria apenas acabar seus cigarros e voltar para casa.
As horas iam passando, e ela continuava a pensar, matutando cada momento.
Pensava na sua arrogância, no seu constante egoísmo, e na sua fragilidade míope
Que se encarregava de todo o resto.
Chorou, apenas para esvaziar um pouco a garganta, que estava entalada de sentimentos
Mas ela mesmo sabia, sua paixões acabavam muito cedo, quase precoces
Era fácil se apaixonar, mas para ela o difícil era manter a paixão.
E naquele momento se sentia rejeitada, mesmo sabendo que ele não passava de um fim de semana.
Mas ela gostava de pensar que não era tão fria assim, que as vezes se apegava, isso a fazia bem.
Mas nunca ouve retorno, as vezes pensava que seria sempre assim, e sempre foi.
Com o tempo ela ia se acalmando, ia acabando com os cigarros, esquecendo um pouco a dor.
Tudo a atormentava; os amigos, a família, aquela paixão repentina, aqueles surto, a falta de café.
Ela nunca gostou da calma, da harmonia, da euforia, nem mesmo da presença.
Mas naquele momento, gostaria de um saco de sentimentos bons.
Por que o que era mal, a consumia.
Acabando os cigarros, ela seguiu para o ponto de ônibus, leve e quase distraída.
Tudo foi despachado lá, não trouxe nada consigo.
No caminho de volta pra casa, ela só pensava em viver essa paixão.
Antes que acabasse dentro dela. Ela chegava até pensar em deixar tudo morrer.
Descendo do ônibus, ela sorriu, de si mesma.
Pensando quando tempo isso iria durar, e quem seria o próximo a ocupar seu lugar.


- Ouvindo: ( The Distillers)


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Ariela Venâncio. Tecnologia do Blogger.

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"Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu.”

(Tati Bernardi)



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